quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A MÚSICA NA AMÉRICA LATINA

Este texto pretende incluir os estilos musicais de todos os países da América Latina e está distribuído em diversas variedades.

Faz parte desde a música do norte do México à havaneira de Cuba, bem como as sinfonias de Heitor Villa-Lobos e os simples e emocionantes sons de uma flauta andina. A música tem desempenhado um importante papel recentemente na política da América Latina, o movimento Nueva Canción, iniciado entre as décadas de 1950 e 1960, entre Uruguai, Argentina e Chile, mas também com organização na América Central, é um excelente exemplo.

Existem diversos estilos de música latino-americana, todos os quais nascem da mistura de elementos musicais africanos, indígenas e europeus. No passado, vários autores sugeriram posições extremas, como que a música latino-americana não receba a influência africana, ou ao contrário, que é puramente africana e necessita de elementos indígenas e europeus. Hoje em dia, é geralmente aceitado que os ritmos latinos são sincréticos, embora ainda haja resistência quanto a isso. Especificamente, as formas espanholas de composição de canções, os ritmos africanos e a harmonia européia são partes fundamentais da música da tropical latina, assim como os gêneros mais modernos como o rock, o heavy metal, o punk, o hip hop, o jazz, o reggae e o R&B.

A Décima, uma maneira de compôr canções de origem espanhola, onde há dez linhas com oito sílabas cada uma, essa forma era a base de muitos estilos hispânicos. A influência africana também é central nos ritmos latino-americanos, e é a base da:
Rumba Cubana, Bomba, Plena de Porto Rico, Cumbia Colombiana, Samba, Marimba Equatoriana e de vários estilos peruanos como o festejo, landó, panalivio, socabón, Son de los diablos.

No Peru, há regiões onde a influência musical africana se mistura com o cigano. Exemplos disto está por todo o norte e centro do país em ritmos de batidas como a zamacueca, a marinera e a resbalosa. Uma das mestiçagens musicais mais raras, é a influência africana que se nutre com a cultura da América Andina, dando origem a ritmos como otondero, a cumanana e o vals peruano.

Outros elementos musicais africanos são mais prevalentes na música religiosa tradicional sincréticas e multifacetadas, como o candomblé brasileiro e a santería cubana. A síncope, técnica musical em que é prolongado o som de uma nota do compasso, é outra característica da música latino-americana. A enfatização africana no ritmo também é uma herança, e se expressa mediante a primazia dada aos instrumentos de percussão (que em conjunto se conhece como "percussão latina"). O estilo de chamada e resposta é comum na África, e também está presente na música da América Latina.
(Ver: http://www.servicioskoinonia.org/agenda/archivo/portugues/obra.php?ncodigo=268)

Sabe-se muito pouco sobre a música durante a América pré-colombiana. E ainda existem povos isolados na Bacia Amazônica e em outros países que tiveram pouco contato com os europeus ou africanos. A música latina é quase inteiramente uma síntese da dos europeus, dos africanos e dos ameríndios.

As avançadas civilizações da época de pré-contato foram as dos Impérios Maia, Asteca e Inca. As antigas civilizações mesoamericanas dos Maias e Astecas tocavam instrumentos entre os quais são incluidos otlapitzalli (espécie de flauta), o teponatzli (espécie de tambor de madera), uma espécie de trompete feita de caracola, vários tipos de guizos e o huehuetl (espécie de timbal). Os primeiros escritos espanhóis indicavam que a música asteca era inteiramente religiosa, era executada por músicos profissionais; alguns instrumentos eram considerados sagrados, os músicos que cometiam erros nas execuções eram castigados, pois esses erros eram considerados uma ofensa aos deuses. Mas com estas referências, referência de quem destruiu uma cultura, é difícil crer em tudo o que nos é repassado.

Algumas representações pictóricas indicam que a apresentação em conjuntos era bastante comuns. Instrumentos similares se encontravam entre os Incas, quem tinham como instrumentos uma ampla variedade de ocarinas e zampoñas.

A música indígena do Equador, do Peru e da Bolívia tendem ao uso proeminente de instrumentos de sopro, elaborados geralmente em madeira e no formato de bastões, como também a partir de ossos animais. O ritmo é usualmente mantido com tambores de madeira cobertos com couro. Também estão acompanhados de instrumentos com estilo de guizos feitos de casco, seixo ou sementes.Instrumentos de corda de origem européia e mediterrânica devem ter sofrido adaptações locais, e assim nascendo o charango e o bandolim.

No período da invasão do território americano, partes da Espanha e Portugal estavam controladas pelos mouros da Norte da África. Estes grupos, como os ciganos, os judeus, os espanhóis e portugueses cristãos, cada um tinha seus próprios estilos de música, tal como os mouros, que contribuíram para a rápida evolução da música latina. Muitos instrumentos musicais dos mouros foram adotados na Espanha, por exemplo, e o estilo de canto nasal norte-africano e frequente uso da improvisação se espalhou por todos os povos da Península Ibérica, assim como o canto cigano. Da Europa Continental, a Espanha adotou a tradição francesa dos trovadores, a qual no século XVI foi parte importante da cultura espanhola. Desta herança se manteve o formato da composição lírica da Décima, a qual se mantém como parte fundamental da música latino-americana, estando presente nos corridos, boleros e vallenatos.
Alguns povos modernos da América Latina são essencialmente africanos, como os garifunas da América Central, sua música reflete seu isolamento em relação à influência europeia. No entanto, em geral, os escravos africanos trazidos para as Américas mudaram suas tradições musicais, tanto pela adaptação ao estilo europeu musical e vice-versa, quanto pela apredizagem dos sons e perfomance musical dos europeus.

Argentina
Conhecido internacionalmente, o tango talvez seja o estilo musical mais famoso da Argentina, que se desenvolveu em Buenos Aires e arredores, bem como em Montevidéu, Uruguai. No entanto, ele não é o único, há também ritmos como a chacarera, a cueca, a zamba e o chamamé. Entre os ritmos modernos, são incluidos o quarteto, a cumbia e suas derivações.
A música folclórica, o pop e a música clássica também são populares, e artistas argentinos como Mercedes Sosa e Atahualpa Yupanqui contribuíram muito para o desenvolvimento da Nueva canción. O rock argentino também levou ao aparecimento de uma cena de rock no país, tounou-se popular a partir da década de 1980.
Chacarera é uma dança e música populares originárias do sul da Bolívia e noroeste da Argentina dançada já desde o século XIX. A música toca-se geralmente com violão, violino, sanfona e bumbo "legüero". Antes mesmo de existirem a Bolívia e Argentina, como repúblicas que hoje conhecemos, a chacarera já era dançada nas fazendas do Chaco (região de mais de 800.000 km²) no início do século XVIII durante a conquista da Coroa Espanhola, na época colonial.
Erroneamente atribui-se a origem da chacarera ao folclore argentino, e isto deveu-se à maior difusão desta dança nas cortes espanholas localizadas no chamado Virreinato da Plata (Buenos Aires) do qual nasceu Argentina, em contraposição ao chamado Virreinato do Peru (do qual fazia parte a Bolívia) na qual também se praticava a chacarera por parte dos trabalhadores rurais nas fazendas, porém sem maior estardalhaço e com matizes mais vigorosos e algo diferentes no sapateado, vestimenta e cadência musical.
A chacarera pertence ao grupo de danças picarescas, de ritmo ágil e caráter muito alegre e festivo. No caso da chacarera boliviana a vestimenta da mulher apresenta flores estampadas e são de cores cálidas, babados, avental e sapatos de salto baixo. Em nenhum caso existem fitas de cor no cabelo, e o penteado é uma trança. O homem usa "poncho" (na época de frio), botas, bombachas, rastras, camisa,lenço e chapéu. Na Bolívia a chacarera é bastante difundida na província Gran Chaco no departamento de Tarija e mais atualmente tem se difundido bastante nas "entradas" (desfiles) folclóricas em La Paz, Oruro e Cochabamba.
Chamamé é um gênero musical tradicional da província de Corrientes, Argentina, apreciado também no Paraguai e em vários locais do Brasil(i.e. nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul) e em outros países. Em sua origem se integram raízes culturais dos povos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos.
O chamamé é o resultado do amor, da fusão de raças (etnias), que misturadas com o tempo contaram a história do ser humano e de sua paisagem, projetando-se inclusive para outras fronteiras. Utiliza o acordeão e o violão como instrumentos principais.
Acesse: http://www.chamame.com.br/
Cúmbia é a música típica nacional da Colômbia. De origem africana, provavelmente, da cumbe guineenses. A palavra cúmbia vem de cumbé, que significa festa. É originaria da parte alta do vale do río Magdalena (Colômbia), da zona geográfica denominada a depressão momposina, e mais precisamente da zona correspondente ao país indígena Pocabuy(incluídas as culturas das sabanas e do Sinú) que esteve conformado pelas atuais populações de El Banco, Guamal, Menchiquejo e San Sebastián no Magdalena, Chiriguaná e Tamalameque no Cesar y Mompós, Chilloa, Chimí e Guatacá no Bolívar.
De início, surgiu nos guetos das grandes cidades colombianas, sendo que até hoje é uma categoria popular da música. O ritmo se disseminou por todos ou quase todos países falantes do castelhano na América Latina. Atualmente é considerado o ritmo musical mais popular da Argentina e de outros países vizinhos.
A cumbia é um estilo de música tradicional da Colômbia e Panamá, e uma dança popular de distintos países latino-americanos.
CUMBIA COLOMBIANA

CHACARERA


MERCEDES SOSA ("Gracias a la vida" por su vida con nosotros)

Mercedes Sosa - San Miguel de Tucumán, 9 de julho de 1935 — Buenos Aires, 4 de outubro de 2009 - foi uma cantora argentina de grande apelo popular na América Latina. Com raízes na música folclórica argentina, ela se tornou uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva Canción. Apelidada de La Negra pelos fãs devido à ascendência ameríndia (no exterior acreditava-se erroneamente que era devido a seus longos cabelos negros), ficou conhecida como a voz dos "sem voz".
"Na década de 1960, Mercedes participou do Movimento do Novo Cancioneiro, surgido em Mendoza e centrado na música popular latino-americana, com ênfase no componente social. Além de obter sucesso na Argentina, a artista ganhou palcos pelas Américas e também na Europa. A temática social e a ligação com a esquerda lhe renderam também dissabores. Em 1979, um show da artista foi invadido pelos militares, durante a ditadura argentina (1976-83). Não apenas ela foi presa, mas inclusive o público presente. Naquele mesmo ano, Mercedes decidiu se exilar. "La Negra", como também era conhecida, voltou à Argentina em 1982, na fase final da ditadura. Na década de 1980, Mercedes realizou trabalhos em parceria com Milton Nascimento. Entre os brasileiros que também cantaram com ela estão ainda Caetano Velloso e Beth Carvalho." (http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,obra-de-mercedes-sosa-mesclou-romantismo-e-politica,445656,0.htm)



Bolívia
A música da Bolívia é uma das mais fortemente ligadas a sua população nativa dentre os estilos nacionais da América do Sul. Após o período nacionalista da década de 1950, as culturas dos aimaráse quíchua foram mais amplamente aceitadas e estes estilos de música folclórica gradualmente foram fundindo-se em sons pop. Los Kjarkas desempenharam um papel central nessa fusão e na popularização da lambada no país. Outras formas de música nativa, como o huaino e a saya, são também bastante difundidas.
LOS KJARKAS – CAPORAL SAYA


Chile
A música do Chile reúne tanto o espírito dos aborígenes andinos do Altiplano quanto os ritmos coloniais espanhóis, contudo a música chilena não envolve uma grande diversidade musical tal como outros países latino-americanos. Desta maneira, é possível evidenciar quatro grandes tendências.
"Música do Grande Norte", que tem grande semelhança com a música do sul do Peru e oeste da Bolívia, e é normalmente chamada de "Música Andina". Esta música reflete o espírito dos povos indígenas da Bolívia, onde o movimento musical da Nueva canción surgiu a partir de meados do século XX e ainda perdura como ritmo típico do país, sendo, provavelmente, a música chilena mais conhecida fora do Chile.
"Música do Vale Central", que é quase que diretamente derivada da Espanha, chegou através do Vice-Reino do Peru. Aqui ele pode ser encontrado a cueca (dança nacional oficial chilena[1]),Tonada, Refalosa, Sajuriana, Zapateado, Cuando e Vals.
REFALOSA DE LOS ANIMALES

LA SAJURIANA

"Música do Sul" é a música mais complexa para estudar, já que tem influência direta da Espanha, sem escalas, e misturada aos sons dos povos aborígenes, entretanto evoluiu em grande parte nos centros culturais de Santiago ou Lima. Nesta área encontram-se Cueca Chilota,Sirilla, Zamba-Refalosa.
SIRILLA

"Música da Polinésia Chilena" é a música dos rapanuis. Deve ser citado também o rock chileno, o gênero musical estadunidense que foi adaptado ao Chile no século XX e continua até hoje como ritmo típico do país.

Colômbia
A cúmbia é originalmente um estilo colombiano de música popular, amplamente exportado para o resto da América Latina, especialmente para o Peru, o México, o Chile e a Argentina. O vallenato e a champeta também são outros ritmos típicos do país. A cumbia está relacionada a outros estilos da região litorânea atlântica colombiana, como porro, puya e bullerengue, comumente resultantes duma mistura de influências negras, ameríndias e espanholas.
VALLENATO

CHAMPETA


Costa Rica
A música da Costa Rica está representada por expressões musicais como tambito, parrandera, vals, bolero, cuadrilla, o calipso, chiquichiqui, mento. Todos eles surgidos a partir dos processos migratórios e dos intercâmbios históricos entre indígenas, europeus e africanos. Alguns instrumentos típicos são quijongo, marimba, as ocarinas, bajo de cajón, sabak, flautas de caña, acordeão, o bandolim e a guitarra.
TAMBITO

PARRANDERA

Cuba
Cuba produziu muitos dos estilos musicais mais difundidos pelo mundo, assim como um número importante de músicos renomados numa diversidade de ritmos, entre os que se pode citar estão o Canto Novo, cha-cha-chá, o mambo, a Nueva Trova Cubana e o son cubano.
ISSAC DELGADO

LA CHARANGA HABANERA

MAMBO


Equador
No Equador, há três correntes de estilos musicais. Entre a música clássica, encontra-se pasillo, passacalha, yaraví, sanjuanito, tonada e bomba del Chota. A música indígena é a comumente chamada de "andina", enquanto que a música negra é caracterizada pelo uso da marimba.
TONADA

ROSITA FLORES

Guatemala
A Guatemala é um país rico em música, pois foi o centro da cultura maia. Logo se mesclou com a música européia. Possui dois ritmos musicais conhecidos: o son e a guarimba. O instrumento nacional é a marimba, declarado como símbolo da pátria. Também possui outros instrumentos característicos como tun, chirimía, caparazón de tortuga.
GUARIMBA E AS PAISAGENS DA GUATEMALA


Haiti
A rica música do Haiti é o resultado da mistura de sons africanos e europeus mais as influências musicais cubanas e dominicanas. Os estilos mais notáveis são a kompa e o zouk.
ZOUK e KOMPA – Haiti Chéri

México
A música do México encontra suas raízes na música folclórica como o mariachi e o Jarana.
Atualmente, grupos como Molotov adquiriram notoriedade internacional dentro do que se chama de música popular. Neste cenário, encontra-se também a banda pop RBD e cantoras como Thalía e Paulina Rubio. Outros grupos, como Café Tacuba e Maná fazem parte do cenário rock da música mexicana. Também é mexicano o guitarrista Carlos Santana, cuja carreira iniciou-se na década de 1960 e a fama adquirida o levou a tocar no famoso festival de Woodstock.
CAFÉ TACUBA



Nicarágua
O ritmo musical mais popular na Nicarágua é palo de Mayo, que é uma dança e gênero musical. Outros estilos populares inclui a marimba e a punta.
MÚSICA POPULAR NA NICARÁGUA


Panamá
O estilo de música popular do Panamá é o reggaeton, surgido no país em 1977 e continua vivo até a atualidade. Salsa, Bachata e Merengue podem ser ouvidos bem em todo o país. Outros estilos hispânicos e latinos podem ser ouvidos, bem como caribenhos.
SALSA PANAMENHA


Paraguai
No Paraguai, é notável a guarânia, estilo folclórico de música criada no Paraguai pelo músico José Asunción Flores em 1925 com o propósito de expressar o caráter do povo paraguaio. Esse estilo tem influenciou muito a música brasileira, principalmente os músicos brasileiros do Centro-Oeste, o maior alvo foi a música sertaneja brasileira. A polca e a zarzuela são ritmos também presentes na cultura musical paraguaia.
POLCA

GUARÂNIA


Peru
A música peruana é bastante rica. No litoral peruano encontra ritmos como landó, zamacueca (que deu origem à cueca chilena e à zamba argentina), festejo, panalivio, cumananas e socabones (este está entrando em decadência), todos estes são de origem africana. Existem também tondero; a marinera norteña, caracterizada pela dança de cortejo, movimentos rápidos e livres, sendo sua execução bastante complexa; a marinera limeña, esta marinera é mais recatada. As valsas crioulas, mais conhecidas internacionalmente como valsas peruanas, são também importantes partes da música costeira. Na serra são encontrados huaino, yaraví, muliza e instrumentos utilizados na música da serra peruana são os diversos tipos zampoñas/sikus/antaras, que nas, cornos andinos, violino andino, a harpa e, inclusive, o saxofone. Por sua vez, a música da selva peruana está muito ligada às suas danças alegres, que geralmente é tocada com um tipo de flauta e tambores.
ZAMACUECA

CUMANANAS

TONDERO

[em construção]
Porto Rico
A bomba e a plena são populares em Porto Rico há muito tempo, enquanto o reggaetón é uma invenção relativamente recente. O reggaeton é uma forma de música contemporânea urbana, que costuma combinar outros estilos musicais latinos, maiscomumente com salsa e bachata.

República Dominicana
O Merengue tem sido popular na República Dominicana por muitas décadas é uma espécie de símbolo nacional. A bachata é mais recente e, mesmo derivada da música rural do país, evoluiu e cresceu em popularidade nos últimos 40 anos.

Uruguai
A música do Uruguai mais do que outros não reconhecem as fronteiras políticas, muitos ritmos partilham com os seus vizinhos: ao norte e ao leste pelo Brasil, a oeste e em todo o Rio da Prata, da Argentina, e mesmo com o Paraguai, já que a cultura guaranítica atravessa as províncias do litoral argentino e chega à banda oriental.
Assim aparecem os gêneros musicais compartilhadas:
como milonga, gato, estilo,litoraleña, pericón, cifra, chamarrita, vidalita, rasguido,doble, triste, cielito, maxixa, xote, chico zapateado, etc., mas a música do Uruguai também tem ritmos que são únicos, como o candombe e a murga uruguaia, que tem seu apogeu no Carnaval uruguaio. E tal como em algum momento apareceu o candombe em Buenos Aires, mas com um alcance limitado, existe o tango em Montevidéu, com um desenvolvimento independente da Argentina.

Venezuela
O llanero é um estilo musical popular da Venezuela originado nos Llanos. Ritmos como a gaita zulianae o joropo também são típicos do país.

Brasil

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Para curtir enquanto lê...

Ruralistas defendem a escravidão no país

Os lucros obtidos, o envolvimento de setores dinâmicos da economia e a atuação de setores reacionários incrustados no Estado mostram o poderio e os interesses que movem essa atividade criminosa

10/02/2010

Editorial ed. 363 - BRASIL DE FATO

Após 120 anos da lei que aboliu a escravidão, o trabalho escravo continua sendo uma realidade em nosso país. Nas mãos de pessoas ávidas por lucros fáceis e rápidos, a propriedade privada da terra transforma-se num instrumento poderoso para escravizar seres humanos, cerceando a liberdade e usurpando a dignidade de milhares de brasileiros. Como denunciou, em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são trabalhadores aprisionados por promessas, tratados pior que animais e impedidos de romper a relação com o empregador.

São práticas de trabalho forçado, onde se mantêm o domínio pela força das armas; da servidão, assegurada por dívidas; de jornadas de trabalhos exaustivas, indo além dos limites do corpo humano; e de trabalhos degradantes, onde estão ausentes as condições básicas de saúde e de segurança. No governo de Fernando Henrique Cardoso cerca de 6 mil e no governo Lula outros 30 mil trabalhadores foram resgatados nessas condições, semelhantes as do trabalho escravo.

Enquanto as fazendas de gados representam o maior número de propriedades com trabalho forçado, os canaviais detêm o maior número de trabalhadores escravizados. E repete-se a prática nas áreas de atuação das madeireiras e das carvoarias. Enganam-se os que pensam que essas práticas estão restritas aos rincões do Brasil ou limitam-se aos latifundiários remanescentes das oligarquias rurais mais violentas e atrasadas. A imposição da super-exploração aos trabalhadores se espalha por todo o território nacional e abrange os mais diversos ramos da atividade econômica, inclusive no meio urbano.

Os dados do Ministério Público do Trabalho, divulgados dia 25 de janeiro, colocam a região sudeste – a mais desenvolvida economicamente – na liderança das regiões em que consta a prática do trabalho escravo. Dos mais de 3,5 mil trabalhadores resgatados, envolvendo 566 propriedades rurais, em todo país, cerca de 1.300 se encontravam na região sudeste. Nas palavras do juiz do trabalho, Marcus Barberino, o trabalho escravo é uma atividade sistemática, que perpassa toda cadeia produtiva, está na mesa de todos os brasileiros e, ao contrário do que se pensa, não é exceção: é termômetro do mercado de trabalho que continua a explorar o trabalhador de uma forma excessiva.

Para o diretor da Anti-Slavery International, Aidan MacQuaide, a escravidão contemporânea está presente nos setores mais dinâmicos da economia capitalista, seu combate exige fortalecer os sindicatos dos trabalhadores para que os próprios possam reivindicar seus direitos básicos e ter consciência que o combate a essa prática não se restringe ao cenário nacional e sim extrapola para o âmbito internacional. A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, vai além. Para ela o trabalho escravo tem crescido no contexto da globalização, uma vez que é um fenômeno mundial, presente na cadeia produtiva de grandes e modernas empresas transnacionais. Estima a OIT que, em todo mundo, pelo menos 12 milhões de pessoas estão submetidas ao trabalho escravo, gerando um lucro, em 2009, que passa dos 30 bilhões de dólares.


Os horrores dos porões dos navios negreiros deixaram de cruzar os mares. No entanto, o sistema capitalista mostra que é incapaz de deixar de promover atrocidades humanas quando lucros vultuosos estão ao seu alcance.

O Brasil, no cenário internacional tem se destacado no combate a essa prática criminosa de tratar os trabalhadores. A atuação das organizações da classe trabalhadora, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de organizações não-governamentais e de alguns setores progressistas do Poder Judiciário, Legislativo e dos dois últimos governos promoveram significativos avanços no combate ao trabalho forçado.

Mas ainda há muito o que se fazer. Os lucros obtidos, o envolvimento de setores dinâmicos da economia e a atuação de setores reacionários incrustados no Estado, azeitando as engrenagens de proteção e impunidade, mostram o poderio e os interesses que movem essa atividade criminosa. Certamente não será encontrado um único parlamentar, nem mesmo a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), que defenda abertamente o trabalho escravo – o crime é previsto no Código Penal, artigo 149.

No entanto, o que justifica que até hoje não foi aprovada no Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo? Essa emenda constitucional determina a expropriação, sem nenhuma indenização, das propriedades onde houver a prática de trabalho escravo e as terras serão destinadas à reforma agrária. A proposta já passou pelo Senado Federal em 2003, foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Mas, é preciso ser feita uma nova votação, em segundo turno, na Câmara. Contudo, desde agosto de 2004 a proposta não é votada por resistência da banca ruralista.

A sociedade civil está mobilizada, recolhendo assinaturas para romper com a resistência dos setores reacionários do Congresso Nacional e exigir a aprovação da PEC 438/2001. É uma medida imprescindível para a erradicação do trabalho escravo em nosso país. Mas que necessita somar-se com a mudança radical no atual modelo agrícola baseado no agronegócio e na realização de uma profunda reforma agrária em nosso país.



POR MARIPOSA LOUCA - O QUE PENSAR DISSO?

Eu não fazia ideia que havia uma PEC que propusesse a punição dos proprietários de terras que se apoiam no trabalho escravo. Que ela seja "engavetada" neste momento político do Brasil é bastante emblemático e ironicamente (tristemente) coerente, afinal estamos desde a virada do ano discutindo o Programa Nacional de Direitos Humanos que passou por inúmeras modificações e que não serve para dar nem um peteleco na orelha de cada milico que participou da ditadura civil-militar brasileira.

Dizem até que o capítulo polêmico "Eixo orientador 6: direito à memória e à verdade" vai passar a se chamar "Eixo orientador 6: seja um milico bonzinho, não faz mais assim senão eu não brinco, ai, ai, ai, hein!".

Brincadeiras a parte, em um país onde o direito a liberdade e ao trabalho digno não são respeitados, não é de se surpreender que se amenize o texto e a proposta de um Programa que estava mais do que na hora de acontecer para que fosse o princípio de uma justiça que embora tardia, era necessária.

Após ler a notícia acima entrei no site http://www.antislavery.org, mencionado, para tentar compreender o que realmente é esta organização Antislavery, como boa latina desconfiada dos gringos. Tudo para ver se ela não é uma balela qualquer de país desenvolvido querendo auxílio financeiro governamental ou de algum milionário querendo amenizar suas angústias e culpas pela exploração alheia.

Observei que eles possuem muitos dados, discussões sobre o trabalho escravo na Metade Sul do mundo, o que pode ser observado, principalmente, através do mapa http://www.antislavery.org/includes/documents/cm_docs/2009/p/1_products_of_slavery.pdf
entretanto, não há só uma discussão sobre a relação dos produtos produzidos sob o regime da escravidão na Metade sul e os países que se utilizam deste trabalho na Metade Norte do mundo, o cerne para se discutir exploração e o uso desse meio de trabalho - o trabalho escravo.

A poucos dias eu ainda havia lido no jornal Zero Hora, uma reportagem bem alegre e elogiosa a uma atriz do filme Harry Potter que lançou uma grife ecológica (sim, por que agora materiais alternativos estão na moda) sob todo um discurso de respeito a natureza. Natureza de quem? Com certeza não a natureza meio ambiente, nem a de Marx. Em resumo, fecho esse pensamento dizendo que a mão de obra era indiana. Preciso falar mais?

Pensar explorados, ao mesmo tempo, sem pensar exploradores é como se houvesse uma cisão no caminho entre aquilo que é produzido e o mercado que acolhe este produto da exploração. Conveniente ou conivente?

"O escravo é, ele próprio, uma mercadoria de propriedade privada, a quem é perpetuamente negada a pose dos meios de produção, o controle sobre seu trabalho ou sobre os produtos desse trabalho e de sua própria reprodução." (FINLEY, Moses, 2001, p.132) Sendo assim, pensamos a mercadoria-produto, mercadoria-trabalho, mas também a mercadoria-humano que é um dos pontos principais quando falamos de escravidão. Direitos humanos e importância de erradicação dessa condição de trabalho, sem perder de vista que tudo isto está diretamente ligado ao sistema político econômico capitalista.
Mas em um país que não tem condições nem de responder dignamente pela letra da lei, é exigir demais que responda pelos crimes que vem sendo cometidos contra o trabalhador.

Dissertação

Para ter acesso aos escritos de pesquisa de dissertação de mestrado "Um estudo comparativo das trajetórias de afirmação do direito e de universalização da educação obrigatória no Brasil e Uruguai", de Fabiana Soares Mathias, acesse:

http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/16181

Resumo do estudo:
O presente trabalho compara elementos, diferenças e semelhanças, na história da educação obrigatória brasileira e uruguaia, ao longo dos séculos XX a XXI, considerando estes dois países como territórios pertencentes ao espaço político e econômico mundial, analisando-os comparativamente e baseando o estudo no materialismo histórico. O objetivo principal é compreender, comparativamente, as trajetórias de afirmação do direito e de universalização da educação obrigatória, no decorrer do período mencionado, relacionando esse panorama com a assunção dos direitos e da cidadania, com o movimento da democracia e os modelos de Estado. Para tratar da afirmação do direito, foram levantados e interpretados os documentos legais mais importantes que tratam da educação obrigatória nos dois países. No que diz respeito à base empírica para a discussão da universalização, foram sistematizados dados de escolarização. Esse estudo tem como uma de suas bases a compreensão de que o direito à educação, como um dos direitos sociais que estruturam a cidadania (princípio comum ao texto constitucional de ambos os países), é um preceito que depende da dinâmica do Estado, da sociedade, da organização política e economia, e por isso, reflete também as mudanças destes. Nesse panorama, destacam-se elementos como: a "alternância" entre democracia representativa, democracia restrita, ditadura, organização poliárquica, presentes em ambas as histórias; o pioneirismo na formação de instrumentos legais que garantissem a educação gratuita e obrigatória; os avanços e os atrasos nos processos de universalização obrigatória, nos dois países; o atrelamento de algumas propostas normativas em educação a movimentos políticos e históricos e a interesses de segmentos da sociedade. Esses são alguns dos aspectos comuns e particulares que formam as fronteiras de inter-relações produzidas na comparação das trajetórias da educação obrigatória do Brasil e do Uruguai.



Esqueça! Isso mesmo, é imperativo que você esqueça tudo o que lhe disseram sobre a mulher, todos os enganos, generalizações, pieguices. Não venho eu aqui, também, com minhas verdades, a única coisa que tenho a dizer é que estamos fartas de vagar entre as bundas e as mártires, as parideiras e as magrelas, as gostosonas e as intelectuais, entre as lutadoras com jornadas quádruplas e as socialites, chega de rótulos, queremos espaço para ser, o nosso espaço para superar, tomar individual ou coletivamente o que nos foi proibido: tudo aquilo que nos mentiram que era feio, aquilo que só podíamos desejar enquanto dormíamos, que não era coisa de menina, que observávamos, aprendíamos caladas.
"Não permita que a mão que te leve seja a mão que te afunde." cabe a nós, e a somente nós, tomar conta de nossa liberdade, existência e convivência coletiva harmoniosa - chega de competição! De chamar umas de putas e outras de frígidas, umas de feias e outras de burras, negras ou branquelas, bregas ou fúteis! Somos mulheres, mulheres na primeira condição, as discussões dialéticas, da luta de classes, do materialismo histórico, que influenciam tanto nossas vidas, vem logo a seguir meninas, mas antes precisamos nos olhar nos olhos e ver a mentira a que fomos por tanto tempo acometidas. Estamos mais nos mesmo barco do que imaginávamos...

Intimide-se, observe os limites do horizonte, ande como é, mulher:...de pés descalços, completamente livre de amarras e, principalmente, livre do medo de estar só, você pode estar completamente só dos outros mais está sempre em boa companhia de si mesma.
De um passo no abismo, seja arrebatada, uma vez apenas já dá início a tudo. Para Oliver Wendell Holmes "a mente humana, uma vez ampliada por uma nova ideia, nunca mais volta ao seu tamanho original".

Lento pero viene - Mario Benedetti

Dedico essa poesia a todos que acreditam que de um borrão de consciência desalinhada pelo medo, pela tortura interior, pela submissão e supressão de perspectivas; uma consciência desconectada, com oceanos de distância, esta por vir, por libertar a inquietude humana. Algo muito mais metabolicamente forte. Algo que não paira no ar, não é insólito ou destituído de história e trajetória, mas que está dentro de cada um, está por acordar. Algo que vai romper os pesados grilhões do conservadorismo, libertar nossos irmãos dos modelos,...lento, pero viene. (F.Mathias)


LENTO PERO VIENE - Benedetti

lento pero viene
el futuro se acerca
despacio
pero viene

hoy está más allá
de las nubes que elige
y más allá del trueno
y de la tierra firme

demorándose viene
cual flor desconfiada
que vigila al sol
sin preguntarle nada

iluminando viene
las últimas ventanas

lento pero viene
las últimas ventanas

lento pero viene
el futuro se acerca
despacio
pero viene

ya se va acercando
nunca tiene prisa
viene con proyectos
y bolsas de semillas
con angeles maltrechos
y fieles golondrinas

despacio pero viene
sin hacer mucho ruido
cuidando sobre todo
los sueños prohibidos

los recuerdos yacentes
y los recién nacidos

lento pero viene
el futuro se acerca
despacio
pero viene

ya casi está llegando
con su mejor noticia
con puños con ojeras
con noches y con días

con una estrella pobre
sin nombre todavía

lento pero viene
el futuro real
el mismo que inventamos
nosotros y el azar

cada vez más nosotros
y menos el azar

lento pero viene
el futuro se acerca
despacio
pero viene

lento pero viene
lento pero viene
lento pero viene

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nalgum Lugar - Zeca Baleiro



NALGUM LUGAR - Zeca Baleiro

Nalgum lugar em que eu nunca estive
Alegremente além
De qualquer experiência
Teus olhos tem o seu silêncio
No teu gesto mais frágil
Há coisas que me encerram
Ou que eu não ouso tocar
Porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos
Nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala
como a primavera abre
Tocando sutilmente, misteriosamente
A sua primeira rosa
Sua primeira rosa
Ou se quiseres me ver fechado
Eu e minha vida
Nos fecharemos belamente, de repente
Assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte
Nada que eu possa perceber neste universo
Iguala o poder de tua intensa fragilidade
Cuja textura
Compele-me com a cor de seus continentes
Restituindo a morte e o sempre
Cada vez que respirar
Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre
Só uma parte de mim compreende
Que a voz dos teus olhos
É mais profunda que todas as rosas
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.

O Estado em V de Vingança



Uma vez, em minha inocência, acreditei quando diziam que "onde não há Estado há o caos". A palavra caos é associada a muitas coisas, geralmente a falta de controle, ao irregular, disforme, a falta de organização, entretanto, não há organização que nos submeta a maior coerção do que o Estado sob a qual estamos regidos, o Estado capitalista.

O filme V de Vingança foi vendido como mais uma adaptação de quadrinho, mas ele está longe de ser uma versão açucarada da realidade com grandes explosões e efeitos especiais. "V" é um filme que recria uma realidade política a partir de similaridades com a "nossa" história e assim demonstra como nos submetemos a letargia da representação política, como aceitamos os aparelhos repressores como forma de mentir para nós mesmos que estamos assegurando nossas vidas e nossos direitos, calamos diante da supressão da liberdade dos "outros", aceitamos viver com medo de perder nossos lugares ao sol nesta sociedade decadente, achamos que nossa existência está cheia de bondade quando toleramos religiões, sexualidades, raçãs, como se fosse nosso direito permitir ou não que o outro seja quem é; tudo isso e muito mais a serviço da lógica capitalista que suavemente rege nossas vidas organizando o Estado, nossos cotidianos, nossa noção de tempo, de relações humanas (sexuais, familiares, amorosas, de gênero,...), de trabalho e muito mais. O Estado em V de Vingança nos faz pensar que se esta forma de reger a sociedade não nos leva a uma história para todos, e portanto, qual organização política, social, econômica poderia nos levar?

Mas isso é para dissertar nos próximos textos...

Eu lhes deixo abaixo com uma fala do filme e com a certeza de que o que vivemos no mundo todo, é uma realidade cada vez mais decadente e miserável. Também com a certeza de que o que cada pessoa tem vivido em sua insustentável agonia de não ser tudo o que deseja realmente, quer dizer que nem capitalismo, nem as formas de amor, os modelos de trabalho, de família, de sustento, de Estado, vem amparando a necessidade de cada indivíduo mulher/homem em sua plenitude, sua liberdade para ser indivíduo e ser coletivo, nem a condição de sustento político e econômico com dignidade.

"Estás temeroso de ser o mesmo em teu próprio ato e valor de que em teu desejo? Não terás o que mais estimas , o ornamento da vida , e viverás um covarde em tua própria estima, deixando "Eu não posso" ultrapassar "eu farei", como o pobre gato no adágio?"

Los pecados de Haití - Eduardo Galeano

Los pecados de Haití
Eduardo Galeano*

La democracia haitiana nació hace un ratito. En su breve tiempo de vida, esta criatura hambrienta y enferma no ha recibido más que bofetadas. Estaba recién nacida, en los días de fiesta de 1991, cuando fue asesinada por el cuartelazo del general Raoul Cedras. Tres años más tarde, resucitó. Después de haber puesto y sacado a tantos dictadores militares, Estados Unidos sacó y puso al presidente Jean-Bertrand Aristide, que había sido el primer gobernante electo por voto popular en toda la historia de Haití y que había tenido la loca ocurrencia de querer un país menos injusto.

El voto y el veto

Para borrar las huellas de la participación estadounidense en la dictadura carnicera del general Cedras, los infantes de marina se llevaron 160 mil páginas de los archivos secretos. Aristide regresó encadenado. Le dieron permiso para recuperar el gobierno, pero le prohibieron el poder. Su sucesor, René Préval, obtuvo casi el 90 por ciento de los votos, pero más poder que Préval tiene cualquier mandón de cuarta categoría del Fondo Monetario o del Banco Mundial, aunque el pueblo haitiano no lo haya elegido ni con un voto siquiera.
Más que el voto, puede el veto. Veto a las reformas: cada vez que Préval, o alguno de sus ministros, pide créditos internacionales para dar pan a los hambrientos, letras a los analfabetos o tierra a los campesinos, no recibe respuesta, o le contestan ordenándole:
-Recite la lección. Y como el gobierno haitiano no termina de aprender que hay que desmantelar los pocos servicios públicos que quedan, últimos pobres amparos para uno de los pueblos más desamparados del mundo, los profesores dan por perdido el examen.

La coartada demográfica

A fines del año pasado cuatro diputados alemanes visitaron Haití. No bien llegaron, la miseria del pueblo les golpeó los ojos. Entonces el embajador de Alemania les explicó, en Port-au-Prince, cuál es el problema:
-Este es un país superpoblado -dijo-. La mujer haitiana siempre quiere, y el hombre haitiano siempre puede.

Y se rió. Los diputados callaron. Esa noche, uno de ellos, Winfried Wolf, consultó las cifras. Y comprobó que Haití es, con El Salvador, el país más superpoblado de las Américas, pero está tan superpoblado como Alemania: tiene casi la misma cantidad de habitantes por quilómetro cuadrado.

En sus días en Haití, el diputado Wolf no sólo fue golpeado por la miseria: también fue deslumbrado por la capacidad de belleza de los pintores populares. Y llegó a la conclusión de que Haití está superpoblado… de artistas.

En realidad, la coartada demográfica es más o menos reciente. Hasta hace algunos años, las potencias occidentales hablaban más claro.

La tradición racista

Estados Unidos invadió Haití en 1915 y gobernó el país hasta 1934. Se retiró cuando logró sus dos objetivos: cobrar las deudas del City Bank y derogar el artículo constitucional que prohibía vender plantaciones a los extranjeros. Entonces Robert Lansing, secretario de Estado, justificó la larga y feroz ocupación militar explicando que la raza negra es incapaz de gobernarse a sí misma, que tiene “una tendencia inherente a la vida salvaje y una incapacidad física de civilización”. Uno de los responsables de la invasión, William Philips, había incubado tiempo antes la sagaz idea: “Este es un pueblo inferior, incapaz de conservar la civilización que habían dejado los franceses”.

Haití había sido la perla de la corona, la colonia más rica de Francia: una gran plantación de azúcar, con mano de obra esclava. En El espíritu de las leyes, Montesquieu lo había explicado sin pelos en la lengua: “El azúcar sería demasiado caro si no trabajaran los esclavos en su producción. Dichos esclavos son negros desde los pies hasta la cabeza y tienen la nariz tan aplastada que es casi imposible tenerles lástima. Resulta impensable que Dios, que es un ser muy sabio, haya puesto un alma, y sobre todo un alma buena, en un cuerpo enteramente negro”.

En cambio, Dios había puesto un látigo en la mano del mayoral. Los esclavos no se distinguían por su voluntad de trabajo. Los negros eran esclavos por naturaleza y vagos también por naturaleza, y la naturaleza, cómplice del orden social, era obra de Dios: el esclavo debía servir al amo y el amo debía castigar al esclavo, que no mostraba el menor entusiasmo a la hora de cumplir con el designio divino. Karl von Linneo, contemporáneo de Montesquieu, había retratado al negro con precisión científica: “Vagabundo, perezoso, negligente, indolente y de costumbres disolutas”. Más generosamente, otro contemporáneo, David Hume, había comprobado que el negro “puede desarrollar ciertas habilidades humanas, como el loro que habla algunas palabras”.

La humillación imperdonable

En 1803 los negros de Haití propinaron tremenda paliza a las tropas de Napoleón Bonaparte, y Europa no perdonó jamás esta humillación infligida a la raza blanca. Haití fue el primer país libre de las Américas. Estados Unidos había conquistado antes su independencia, pero tenía medio millón de esclavos trabajando en las plantaciones de algodón y de tabaco. Jefferson, que era dueño de esclavos, decía que todos los hombres son iguales, pero también decía que los negros han sido, son y serán inferiores.

La bandera de los libres se alzó sobre las ruinas. La tierra haitiana había sido devastada por el monocultivo del azúcar y arrasada por las calamidades de la guerra contra Francia, y una tercera parte de la población había caído en el combate. Entonces empezó el bloqueo. La nación recién nacida fue condenada a la soledad. Nadie le compraba, nadie le vendía, nadie la reconocía.

El delito de la dignidad

Ni siquiera Simón Bolívar, que tan valiente supo ser, tuvo el coraje de firmar el reconocimiento diplomático del país negro. Bolívar había podido reiniciar su lucha por la independencia americana, cuando ya España lo había derrotado, gracias al apoyo de Haití. El gobierno haitiano le había entregado siete naves y muchas armas y soldados, con la única condición de que Bolívar liberara a los esclavos, una idea que al Libertador no se le había ocurrido. Bolívar cumplió con este compromiso, pero después de su victoria, cuando ya gobernaba la Gran Colombia, dio la espalda al país que lo había salvado. Y cuando convocó a las naciones americanas a la reunión de Panamá, no invitó a Haití pero invitó a Inglaterra.

Estados Unidos reconoció a Haití recién sesenta años después del fin de la guerra de independencia, mientras Etienne Serres, un genio francés de la anatomía, descubría en París que los negros son primitivos porque tienen poca distancia entre el ombligo y el pene. Para entonces, Haití ya estaba en manos de carniceras dictaduras militares, que destinaban los famélicos recursos del país al pago de la deuda francesa: Europa había impuesto a Haití la obligación de pagar a Francia una indemnización gigantesca, a modo de perdón por haber cometido el delito de la dignidad.

La historia del acoso contra Haití, que en nuestros días tiene dimensiones de tragedia, es también una historia del racismo en la civilización occidental.

Escrito originalmente para el semanario Brecha de Uruguay N° 556 el 26 de julio de 1996.

*Periodista y escritor uruguayo, es una de las personalidades más destacadas de la literatura latinoamericana. Sus libros han sido traducidos a varios idiomas. Sus obras más conocidas son Memoria del fuego (1986) y Las venas abiertas de América Latina (1971).

Fuente: Cuba Debate – 15.01.2010

Arma alemã

A camisa não cobre mais as coxas
sinuosas, maduras
poesia pueril em anos de mulher
Minha pele acolhe a tua,
desliza em tua tão salgada
E na busca por tua boca tão pequena e entrecortada
em angustia aguardando mais e mais
te conduzo
e te jogo no vazio,
na incerteza e na expectativa
E na sincronia de sorrisos e corpos alongados
te faço obedecer meus desejos
te faço entrar em conflito com tuas certezas
Vagando noite a dentro
basta com teu olhar exausto
negar o limite do próprio corpo
para simplesmente recomeçar

ESFINGE


Aprendo em silêncio cada palavra
de tua tépida boca
Roubo teus pensamentos
tal criança vendada
os troco pelos meus e
errada ou certa
acabo por afundar no escuro
Beijo teu ventre,
sugo teus anseios,
sorvo cada pedaço de tua língua quente
Fecho os olhos pra não ver
tua surpresa, teu horror
finjo que tudo lá fora é mais lento,
não há relógios nem tempo,
nada vai importar de verdade
Sigo vivendo por segundos
deslinzando em teus braços
deslizando pelo mundo
Teu hálito quente,
teu corpo no vazio,
tua boca molhada um arrepio
tudo apenas parte
Aceito os delírios que aquecem mais meu coração
que meu corpo arqueado
Recebo sem medo tua mágoa,
tua trégua e meus deslizes
Aprendo sem criar feridas ou escudos
em palavras de escárneo
Te quero, te aceito, te temo
Passo a passo vou seguindo
meu tato truculento, meu faro voraz,
meu torpor arredio
Desejo te desejar:
amiga, amante, névoa, onda,
nada ou alguma coisa
Teu talento para o infinito
teu sonho de tocar o nada:
viver em dois segundos,
amar horizontes e perder o firmamento
pensar o amanhã e jogar-se no vento
esquecer o que já houve
fortalecer o sorriso e duvidar do medo
guardando lá dentro todo segredo
toda a vida
Passo a passo vou vivendo em silêncio
imersa em cada palavra
trancando cada porta
logo atrás de mim