domingo, 24 de outubro de 2010

Considerações sobre a não propriedade da criança



Há meses descobri que serei mãe, tá...e agora, Fabiana? Onde o discurso alcança a prática?
Ainda me vejo bastante conservadora quanto minhas considerações do que gostaria para esse pequeno rapaz (leia-se Santiago). Ele vem de uma relação de muita amizade e companheirismo. Isso, isso mesmo, não poderia ser de um casamento então?!
Eu sei, brincadeirinha cruel a minha.
O pai, sabe que ele é o pai, não preciso eu afirmar aqui essa condição triangular.
Mas o fato realmente é que eu precisava expressar algumas coisas acerca do que acredito ser uma das grandes crueldades do mundo moderno que é a propriedade da criança e esta sendo encoberta por um véu de "amor e cuidado".
Do que estou falando? Bueno, camaradas. "Dar a vida" não significa que você tem a posse sobre aquela vida. Vamos a dois aspectos estranhos:

O egocentrismo:
Nas cerca de 600 instituições brasileiras destinadas a adoção,cerca de 64% das crianças são negras, entretanto, "segundo dados divulgados pela ONG Associazione Amici dei Bambini (Ai.Bi), 72% dos brasileiros preferem adotar uma criança branca, destes, 67% querem que seja um bebê com cerca de 6 meses, sendo que 99% efetivam a adoção de crianças com até 1 ano de idade. Entre os estrangeiros, 48% aceitam crianças com até 4 anos e cai para 13% o número de pessoas interessadas em crianças com a pele clara."

A posse familiar é um dos reflexos de nossa condição que considera tudo propriedade:
"O relatório da ONU também revelou que das 218 milhões de crianças que trabalham no mundo, segundo as estimativas, 126 milhões fazem tarefas perigosas.

Entre elas, 5,7 milhões são forçadas a trabalhar em condições de escravidão por contração de dívidas, 1,8 milhão se prostituem ou são exploradas sexualmente, e 1,2 milhão caíram nas redes de traficantes de seres humanos.

O estudo indica que as 8 milhões de crianças que vivem em orfanatos e centros de readaptação social são um dos grupos mais expostos à violência física, que pode ter como conseqüências atrasos no desenvolvimento, incapacidade, dano psicológico irreversível e tendência ao suicídio."

Estes são os dados mais rasos que encontrei na minha ansiedade por escrever, mas acredito que estejam bem próximos da realidade, até com uma pontinha de suavidade, se é que se pode achar isso suave?

Bueno, a questão é: as crianças também estão a venda! A imagem do filho ideal, branco, fofinho, pequenino, dependente é afirmada pelos números sobre adoção no Brasil. Os pais não querem ser os cuidadores apenas até seus filhos poderem andar com seus próprios pezinhos, não querem ser apenas mais uma fonte de aprendizado como são a rua, os amigos, a escola, as pessoas com quem convivemos ao longo da vida, eles querem determinar do nascimento até a vida adulta quem eles estão "formando". Pra que então a maternidade? Pra que então a paternidade? Estamos pondo uma pessoa no mundo ou (im)pondo nosso mundo ao nosso "milagre da vida"? hehehhe
Acho que os pais querem viver, muitas vezes, uma outra vida através de seus filhos. Isso está longe de ser amor, é sentimento de posse, cobrança e propriedade.

Quanto aos dados sobre a violência infantil, acredito que estes sejam fruto primeiro da própria condição de exploração capitalista que vivemos, e não estariam as crianças livres disto. E não são as "letras da lei" que proporcionariam outra realidade, que o diga o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Em segundo, a condição de exploração sexual, exploração do trabalho infantil, ou de violências de outro fundo, estão todas ligadas a idéia de que as crianças são propriedade, são objetos, até mesmo por suas condições físicas e de experiência de vida ainda em construção.
As crianças são objetos dos pais, do Estado, da sociedade, são propriedades, portanto, podem ser utilizadas de acordo com os interesses de quem tem acesso a elas. São elas que sofrem com as neuroses adultas, com as limitações da família monogâmica, com sua crescente erotização e adultização do sexo de mercado. Sofrem também com um mercado que descobriu que através delas pode entulhar os pais de expectativas e produtos desnecessários. Estão todas expostas as mais variadas violências sob a justificativa de que somos nós, os adultos, que sabemos o que elas querem, precisam e são.
Não pense que quando meu filho tiver 3 anos vou lhe perguntar se ele quer entrar em uma faculdade pública ou ir para uma pracinha? Não vou lhe fazer perguntas difíceis assim (riso). Mas sei que sou sua amiga, orientadora, companheira, mãe, mas jamais sua dona, que tudo terá seu tempo e ritmo, nem sempre coordenado por mim.
As crianças não são nossa propriedade, nossos brinquedos de adultos, não temos o direito de fazer delas nossos ratos de laboratório, nem naquilo que nos parece progressista, nem no mais conservador dos atos.
Ahhh, se os artigos 15, 16, 17 e 18 do ECA fossem realmente efetivados...? Abraços revolucionários,

Será que esta é a eleição do "menos pior"?

(aguarde considerações após a falácia do dia 31 de outubro, quando independente do resultado o Brasil dá mais um firme passo atrás - até quando?)

sexta-feira, 5 de março de 2010

As violações reiniciam no Haiti - por Sarah Babiker

Como não consegui recortar e colar, sugiro o site abaixo:

http://www.unifem.org.br/sites/700/710/00000873.pdf

Abraços revolucionários!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A MÚSICA NA AMÉRICA LATINA

Este texto pretende incluir os estilos musicais de todos os países da América Latina e está distribuído em diversas variedades.

Faz parte desde a música do norte do México à havaneira de Cuba, bem como as sinfonias de Heitor Villa-Lobos e os simples e emocionantes sons de uma flauta andina. A música tem desempenhado um importante papel recentemente na política da América Latina, o movimento Nueva Canción, iniciado entre as décadas de 1950 e 1960, entre Uruguai, Argentina e Chile, mas também com organização na América Central, é um excelente exemplo.

Existem diversos estilos de música latino-americana, todos os quais nascem da mistura de elementos musicais africanos, indígenas e europeus. No passado, vários autores sugeriram posições extremas, como que a música latino-americana não receba a influência africana, ou ao contrário, que é puramente africana e necessita de elementos indígenas e europeus. Hoje em dia, é geralmente aceitado que os ritmos latinos são sincréticos, embora ainda haja resistência quanto a isso. Especificamente, as formas espanholas de composição de canções, os ritmos africanos e a harmonia européia são partes fundamentais da música da tropical latina, assim como os gêneros mais modernos como o rock, o heavy metal, o punk, o hip hop, o jazz, o reggae e o R&B.

A Décima, uma maneira de compôr canções de origem espanhola, onde há dez linhas com oito sílabas cada uma, essa forma era a base de muitos estilos hispânicos. A influência africana também é central nos ritmos latino-americanos, e é a base da:
Rumba Cubana, Bomba, Plena de Porto Rico, Cumbia Colombiana, Samba, Marimba Equatoriana e de vários estilos peruanos como o festejo, landó, panalivio, socabón, Son de los diablos.

No Peru, há regiões onde a influência musical africana se mistura com o cigano. Exemplos disto está por todo o norte e centro do país em ritmos de batidas como a zamacueca, a marinera e a resbalosa. Uma das mestiçagens musicais mais raras, é a influência africana que se nutre com a cultura da América Andina, dando origem a ritmos como otondero, a cumanana e o vals peruano.

Outros elementos musicais africanos são mais prevalentes na música religiosa tradicional sincréticas e multifacetadas, como o candomblé brasileiro e a santería cubana. A síncope, técnica musical em que é prolongado o som de uma nota do compasso, é outra característica da música latino-americana. A enfatização africana no ritmo também é uma herança, e se expressa mediante a primazia dada aos instrumentos de percussão (que em conjunto se conhece como "percussão latina"). O estilo de chamada e resposta é comum na África, e também está presente na música da América Latina.
(Ver: http://www.servicioskoinonia.org/agenda/archivo/portugues/obra.php?ncodigo=268)

Sabe-se muito pouco sobre a música durante a América pré-colombiana. E ainda existem povos isolados na Bacia Amazônica e em outros países que tiveram pouco contato com os europeus ou africanos. A música latina é quase inteiramente uma síntese da dos europeus, dos africanos e dos ameríndios.

As avançadas civilizações da época de pré-contato foram as dos Impérios Maia, Asteca e Inca. As antigas civilizações mesoamericanas dos Maias e Astecas tocavam instrumentos entre os quais são incluidos otlapitzalli (espécie de flauta), o teponatzli (espécie de tambor de madera), uma espécie de trompete feita de caracola, vários tipos de guizos e o huehuetl (espécie de timbal). Os primeiros escritos espanhóis indicavam que a música asteca era inteiramente religiosa, era executada por músicos profissionais; alguns instrumentos eram considerados sagrados, os músicos que cometiam erros nas execuções eram castigados, pois esses erros eram considerados uma ofensa aos deuses. Mas com estas referências, referência de quem destruiu uma cultura, é difícil crer em tudo o que nos é repassado.

Algumas representações pictóricas indicam que a apresentação em conjuntos era bastante comuns. Instrumentos similares se encontravam entre os Incas, quem tinham como instrumentos uma ampla variedade de ocarinas e zampoñas.

A música indígena do Equador, do Peru e da Bolívia tendem ao uso proeminente de instrumentos de sopro, elaborados geralmente em madeira e no formato de bastões, como também a partir de ossos animais. O ritmo é usualmente mantido com tambores de madeira cobertos com couro. Também estão acompanhados de instrumentos com estilo de guizos feitos de casco, seixo ou sementes.Instrumentos de corda de origem européia e mediterrânica devem ter sofrido adaptações locais, e assim nascendo o charango e o bandolim.

No período da invasão do território americano, partes da Espanha e Portugal estavam controladas pelos mouros da Norte da África. Estes grupos, como os ciganos, os judeus, os espanhóis e portugueses cristãos, cada um tinha seus próprios estilos de música, tal como os mouros, que contribuíram para a rápida evolução da música latina. Muitos instrumentos musicais dos mouros foram adotados na Espanha, por exemplo, e o estilo de canto nasal norte-africano e frequente uso da improvisação se espalhou por todos os povos da Península Ibérica, assim como o canto cigano. Da Europa Continental, a Espanha adotou a tradição francesa dos trovadores, a qual no século XVI foi parte importante da cultura espanhola. Desta herança se manteve o formato da composição lírica da Décima, a qual se mantém como parte fundamental da música latino-americana, estando presente nos corridos, boleros e vallenatos.
Alguns povos modernos da América Latina são essencialmente africanos, como os garifunas da América Central, sua música reflete seu isolamento em relação à influência europeia. No entanto, em geral, os escravos africanos trazidos para as Américas mudaram suas tradições musicais, tanto pela adaptação ao estilo europeu musical e vice-versa, quanto pela apredizagem dos sons e perfomance musical dos europeus.

Argentina
Conhecido internacionalmente, o tango talvez seja o estilo musical mais famoso da Argentina, que se desenvolveu em Buenos Aires e arredores, bem como em Montevidéu, Uruguai. No entanto, ele não é o único, há também ritmos como a chacarera, a cueca, a zamba e o chamamé. Entre os ritmos modernos, são incluidos o quarteto, a cumbia e suas derivações.
A música folclórica, o pop e a música clássica também são populares, e artistas argentinos como Mercedes Sosa e Atahualpa Yupanqui contribuíram muito para o desenvolvimento da Nueva canción. O rock argentino também levou ao aparecimento de uma cena de rock no país, tounou-se popular a partir da década de 1980.
Chacarera é uma dança e música populares originárias do sul da Bolívia e noroeste da Argentina dançada já desde o século XIX. A música toca-se geralmente com violão, violino, sanfona e bumbo "legüero". Antes mesmo de existirem a Bolívia e Argentina, como repúblicas que hoje conhecemos, a chacarera já era dançada nas fazendas do Chaco (região de mais de 800.000 km²) no início do século XVIII durante a conquista da Coroa Espanhola, na época colonial.
Erroneamente atribui-se a origem da chacarera ao folclore argentino, e isto deveu-se à maior difusão desta dança nas cortes espanholas localizadas no chamado Virreinato da Plata (Buenos Aires) do qual nasceu Argentina, em contraposição ao chamado Virreinato do Peru (do qual fazia parte a Bolívia) na qual também se praticava a chacarera por parte dos trabalhadores rurais nas fazendas, porém sem maior estardalhaço e com matizes mais vigorosos e algo diferentes no sapateado, vestimenta e cadência musical.
A chacarera pertence ao grupo de danças picarescas, de ritmo ágil e caráter muito alegre e festivo. No caso da chacarera boliviana a vestimenta da mulher apresenta flores estampadas e são de cores cálidas, babados, avental e sapatos de salto baixo. Em nenhum caso existem fitas de cor no cabelo, e o penteado é uma trança. O homem usa "poncho" (na época de frio), botas, bombachas, rastras, camisa,lenço e chapéu. Na Bolívia a chacarera é bastante difundida na província Gran Chaco no departamento de Tarija e mais atualmente tem se difundido bastante nas "entradas" (desfiles) folclóricas em La Paz, Oruro e Cochabamba.
Chamamé é um gênero musical tradicional da província de Corrientes, Argentina, apreciado também no Paraguai e em vários locais do Brasil(i.e. nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul) e em outros países. Em sua origem se integram raízes culturais dos povos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos.
O chamamé é o resultado do amor, da fusão de raças (etnias), que misturadas com o tempo contaram a história do ser humano e de sua paisagem, projetando-se inclusive para outras fronteiras. Utiliza o acordeão e o violão como instrumentos principais.
Acesse: http://www.chamame.com.br/
Cúmbia é a música típica nacional da Colômbia. De origem africana, provavelmente, da cumbe guineenses. A palavra cúmbia vem de cumbé, que significa festa. É originaria da parte alta do vale do río Magdalena (Colômbia), da zona geográfica denominada a depressão momposina, e mais precisamente da zona correspondente ao país indígena Pocabuy(incluídas as culturas das sabanas e do Sinú) que esteve conformado pelas atuais populações de El Banco, Guamal, Menchiquejo e San Sebastián no Magdalena, Chiriguaná e Tamalameque no Cesar y Mompós, Chilloa, Chimí e Guatacá no Bolívar.
De início, surgiu nos guetos das grandes cidades colombianas, sendo que até hoje é uma categoria popular da música. O ritmo se disseminou por todos ou quase todos países falantes do castelhano na América Latina. Atualmente é considerado o ritmo musical mais popular da Argentina e de outros países vizinhos.
A cumbia é um estilo de música tradicional da Colômbia e Panamá, e uma dança popular de distintos países latino-americanos.
CUMBIA COLOMBIANA

CHACARERA


MERCEDES SOSA ("Gracias a la vida" por su vida con nosotros)

Mercedes Sosa - San Miguel de Tucumán, 9 de julho de 1935 — Buenos Aires, 4 de outubro de 2009 - foi uma cantora argentina de grande apelo popular na América Latina. Com raízes na música folclórica argentina, ela se tornou uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva Canción. Apelidada de La Negra pelos fãs devido à ascendência ameríndia (no exterior acreditava-se erroneamente que era devido a seus longos cabelos negros), ficou conhecida como a voz dos "sem voz".
"Na década de 1960, Mercedes participou do Movimento do Novo Cancioneiro, surgido em Mendoza e centrado na música popular latino-americana, com ênfase no componente social. Além de obter sucesso na Argentina, a artista ganhou palcos pelas Américas e também na Europa. A temática social e a ligação com a esquerda lhe renderam também dissabores. Em 1979, um show da artista foi invadido pelos militares, durante a ditadura argentina (1976-83). Não apenas ela foi presa, mas inclusive o público presente. Naquele mesmo ano, Mercedes decidiu se exilar. "La Negra", como também era conhecida, voltou à Argentina em 1982, na fase final da ditadura. Na década de 1980, Mercedes realizou trabalhos em parceria com Milton Nascimento. Entre os brasileiros que também cantaram com ela estão ainda Caetano Velloso e Beth Carvalho." (http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,obra-de-mercedes-sosa-mesclou-romantismo-e-politica,445656,0.htm)



Bolívia
A música da Bolívia é uma das mais fortemente ligadas a sua população nativa dentre os estilos nacionais da América do Sul. Após o período nacionalista da década de 1950, as culturas dos aimaráse quíchua foram mais amplamente aceitadas e estes estilos de música folclórica gradualmente foram fundindo-se em sons pop. Los Kjarkas desempenharam um papel central nessa fusão e na popularização da lambada no país. Outras formas de música nativa, como o huaino e a saya, são também bastante difundidas.
LOS KJARKAS – CAPORAL SAYA


Chile
A música do Chile reúne tanto o espírito dos aborígenes andinos do Altiplano quanto os ritmos coloniais espanhóis, contudo a música chilena não envolve uma grande diversidade musical tal como outros países latino-americanos. Desta maneira, é possível evidenciar quatro grandes tendências.
"Música do Grande Norte", que tem grande semelhança com a música do sul do Peru e oeste da Bolívia, e é normalmente chamada de "Música Andina". Esta música reflete o espírito dos povos indígenas da Bolívia, onde o movimento musical da Nueva canción surgiu a partir de meados do século XX e ainda perdura como ritmo típico do país, sendo, provavelmente, a música chilena mais conhecida fora do Chile.
"Música do Vale Central", que é quase que diretamente derivada da Espanha, chegou através do Vice-Reino do Peru. Aqui ele pode ser encontrado a cueca (dança nacional oficial chilena[1]),Tonada, Refalosa, Sajuriana, Zapateado, Cuando e Vals.
REFALOSA DE LOS ANIMALES

LA SAJURIANA

"Música do Sul" é a música mais complexa para estudar, já que tem influência direta da Espanha, sem escalas, e misturada aos sons dos povos aborígenes, entretanto evoluiu em grande parte nos centros culturais de Santiago ou Lima. Nesta área encontram-se Cueca Chilota,Sirilla, Zamba-Refalosa.
SIRILLA

"Música da Polinésia Chilena" é a música dos rapanuis. Deve ser citado também o rock chileno, o gênero musical estadunidense que foi adaptado ao Chile no século XX e continua até hoje como ritmo típico do país.

Colômbia
A cúmbia é originalmente um estilo colombiano de música popular, amplamente exportado para o resto da América Latina, especialmente para o Peru, o México, o Chile e a Argentina. O vallenato e a champeta também são outros ritmos típicos do país. A cumbia está relacionada a outros estilos da região litorânea atlântica colombiana, como porro, puya e bullerengue, comumente resultantes duma mistura de influências negras, ameríndias e espanholas.
VALLENATO

CHAMPETA


Costa Rica
A música da Costa Rica está representada por expressões musicais como tambito, parrandera, vals, bolero, cuadrilla, o calipso, chiquichiqui, mento. Todos eles surgidos a partir dos processos migratórios e dos intercâmbios históricos entre indígenas, europeus e africanos. Alguns instrumentos típicos são quijongo, marimba, as ocarinas, bajo de cajón, sabak, flautas de caña, acordeão, o bandolim e a guitarra.
TAMBITO

PARRANDERA

Cuba
Cuba produziu muitos dos estilos musicais mais difundidos pelo mundo, assim como um número importante de músicos renomados numa diversidade de ritmos, entre os que se pode citar estão o Canto Novo, cha-cha-chá, o mambo, a Nueva Trova Cubana e o son cubano.
ISSAC DELGADO

LA CHARANGA HABANERA

MAMBO


Equador
No Equador, há três correntes de estilos musicais. Entre a música clássica, encontra-se pasillo, passacalha, yaraví, sanjuanito, tonada e bomba del Chota. A música indígena é a comumente chamada de "andina", enquanto que a música negra é caracterizada pelo uso da marimba.
TONADA

ROSITA FLORES

Guatemala
A Guatemala é um país rico em música, pois foi o centro da cultura maia. Logo se mesclou com a música européia. Possui dois ritmos musicais conhecidos: o son e a guarimba. O instrumento nacional é a marimba, declarado como símbolo da pátria. Também possui outros instrumentos característicos como tun, chirimía, caparazón de tortuga.
GUARIMBA E AS PAISAGENS DA GUATEMALA


Haiti
A rica música do Haiti é o resultado da mistura de sons africanos e europeus mais as influências musicais cubanas e dominicanas. Os estilos mais notáveis são a kompa e o zouk.
ZOUK e KOMPA – Haiti Chéri

México
A música do México encontra suas raízes na música folclórica como o mariachi e o Jarana.
Atualmente, grupos como Molotov adquiriram notoriedade internacional dentro do que se chama de música popular. Neste cenário, encontra-se também a banda pop RBD e cantoras como Thalía e Paulina Rubio. Outros grupos, como Café Tacuba e Maná fazem parte do cenário rock da música mexicana. Também é mexicano o guitarrista Carlos Santana, cuja carreira iniciou-se na década de 1960 e a fama adquirida o levou a tocar no famoso festival de Woodstock.
CAFÉ TACUBA



Nicarágua
O ritmo musical mais popular na Nicarágua é palo de Mayo, que é uma dança e gênero musical. Outros estilos populares inclui a marimba e a punta.
MÚSICA POPULAR NA NICARÁGUA


Panamá
O estilo de música popular do Panamá é o reggaeton, surgido no país em 1977 e continua vivo até a atualidade. Salsa, Bachata e Merengue podem ser ouvidos bem em todo o país. Outros estilos hispânicos e latinos podem ser ouvidos, bem como caribenhos.
SALSA PANAMENHA


Paraguai
No Paraguai, é notável a guarânia, estilo folclórico de música criada no Paraguai pelo músico José Asunción Flores em 1925 com o propósito de expressar o caráter do povo paraguaio. Esse estilo tem influenciou muito a música brasileira, principalmente os músicos brasileiros do Centro-Oeste, o maior alvo foi a música sertaneja brasileira. A polca e a zarzuela são ritmos também presentes na cultura musical paraguaia.
POLCA

GUARÂNIA


Peru
A música peruana é bastante rica. No litoral peruano encontra ritmos como landó, zamacueca (que deu origem à cueca chilena e à zamba argentina), festejo, panalivio, cumananas e socabones (este está entrando em decadência), todos estes são de origem africana. Existem também tondero; a marinera norteña, caracterizada pela dança de cortejo, movimentos rápidos e livres, sendo sua execução bastante complexa; a marinera limeña, esta marinera é mais recatada. As valsas crioulas, mais conhecidas internacionalmente como valsas peruanas, são também importantes partes da música costeira. Na serra são encontrados huaino, yaraví, muliza e instrumentos utilizados na música da serra peruana são os diversos tipos zampoñas/sikus/antaras, que nas, cornos andinos, violino andino, a harpa e, inclusive, o saxofone. Por sua vez, a música da selva peruana está muito ligada às suas danças alegres, que geralmente é tocada com um tipo de flauta e tambores.
ZAMACUECA

CUMANANAS

TONDERO

[em construção]
Porto Rico
A bomba e a plena são populares em Porto Rico há muito tempo, enquanto o reggaetón é uma invenção relativamente recente. O reggaeton é uma forma de música contemporânea urbana, que costuma combinar outros estilos musicais latinos, maiscomumente com salsa e bachata.

República Dominicana
O Merengue tem sido popular na República Dominicana por muitas décadas é uma espécie de símbolo nacional. A bachata é mais recente e, mesmo derivada da música rural do país, evoluiu e cresceu em popularidade nos últimos 40 anos.

Uruguai
A música do Uruguai mais do que outros não reconhecem as fronteiras políticas, muitos ritmos partilham com os seus vizinhos: ao norte e ao leste pelo Brasil, a oeste e em todo o Rio da Prata, da Argentina, e mesmo com o Paraguai, já que a cultura guaranítica atravessa as províncias do litoral argentino e chega à banda oriental.
Assim aparecem os gêneros musicais compartilhadas:
como milonga, gato, estilo,litoraleña, pericón, cifra, chamarrita, vidalita, rasguido,doble, triste, cielito, maxixa, xote, chico zapateado, etc., mas a música do Uruguai também tem ritmos que são únicos, como o candombe e a murga uruguaia, que tem seu apogeu no Carnaval uruguaio. E tal como em algum momento apareceu o candombe em Buenos Aires, mas com um alcance limitado, existe o tango em Montevidéu, com um desenvolvimento independente da Argentina.

Venezuela
O llanero é um estilo musical popular da Venezuela originado nos Llanos. Ritmos como a gaita zulianae o joropo também são típicos do país.

Brasil

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Para curtir enquanto lê...

Ruralistas defendem a escravidão no país

Os lucros obtidos, o envolvimento de setores dinâmicos da economia e a atuação de setores reacionários incrustados no Estado mostram o poderio e os interesses que movem essa atividade criminosa

10/02/2010

Editorial ed. 363 - BRASIL DE FATO

Após 120 anos da lei que aboliu a escravidão, o trabalho escravo continua sendo uma realidade em nosso país. Nas mãos de pessoas ávidas por lucros fáceis e rápidos, a propriedade privada da terra transforma-se num instrumento poderoso para escravizar seres humanos, cerceando a liberdade e usurpando a dignidade de milhares de brasileiros. Como denunciou, em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são trabalhadores aprisionados por promessas, tratados pior que animais e impedidos de romper a relação com o empregador.

São práticas de trabalho forçado, onde se mantêm o domínio pela força das armas; da servidão, assegurada por dívidas; de jornadas de trabalhos exaustivas, indo além dos limites do corpo humano; e de trabalhos degradantes, onde estão ausentes as condições básicas de saúde e de segurança. No governo de Fernando Henrique Cardoso cerca de 6 mil e no governo Lula outros 30 mil trabalhadores foram resgatados nessas condições, semelhantes as do trabalho escravo.

Enquanto as fazendas de gados representam o maior número de propriedades com trabalho forçado, os canaviais detêm o maior número de trabalhadores escravizados. E repete-se a prática nas áreas de atuação das madeireiras e das carvoarias. Enganam-se os que pensam que essas práticas estão restritas aos rincões do Brasil ou limitam-se aos latifundiários remanescentes das oligarquias rurais mais violentas e atrasadas. A imposição da super-exploração aos trabalhadores se espalha por todo o território nacional e abrange os mais diversos ramos da atividade econômica, inclusive no meio urbano.

Os dados do Ministério Público do Trabalho, divulgados dia 25 de janeiro, colocam a região sudeste – a mais desenvolvida economicamente – na liderança das regiões em que consta a prática do trabalho escravo. Dos mais de 3,5 mil trabalhadores resgatados, envolvendo 566 propriedades rurais, em todo país, cerca de 1.300 se encontravam na região sudeste. Nas palavras do juiz do trabalho, Marcus Barberino, o trabalho escravo é uma atividade sistemática, que perpassa toda cadeia produtiva, está na mesa de todos os brasileiros e, ao contrário do que se pensa, não é exceção: é termômetro do mercado de trabalho que continua a explorar o trabalhador de uma forma excessiva.

Para o diretor da Anti-Slavery International, Aidan MacQuaide, a escravidão contemporânea está presente nos setores mais dinâmicos da economia capitalista, seu combate exige fortalecer os sindicatos dos trabalhadores para que os próprios possam reivindicar seus direitos básicos e ter consciência que o combate a essa prática não se restringe ao cenário nacional e sim extrapola para o âmbito internacional. A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, vai além. Para ela o trabalho escravo tem crescido no contexto da globalização, uma vez que é um fenômeno mundial, presente na cadeia produtiva de grandes e modernas empresas transnacionais. Estima a OIT que, em todo mundo, pelo menos 12 milhões de pessoas estão submetidas ao trabalho escravo, gerando um lucro, em 2009, que passa dos 30 bilhões de dólares.


Os horrores dos porões dos navios negreiros deixaram de cruzar os mares. No entanto, o sistema capitalista mostra que é incapaz de deixar de promover atrocidades humanas quando lucros vultuosos estão ao seu alcance.

O Brasil, no cenário internacional tem se destacado no combate a essa prática criminosa de tratar os trabalhadores. A atuação das organizações da classe trabalhadora, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de organizações não-governamentais e de alguns setores progressistas do Poder Judiciário, Legislativo e dos dois últimos governos promoveram significativos avanços no combate ao trabalho forçado.

Mas ainda há muito o que se fazer. Os lucros obtidos, o envolvimento de setores dinâmicos da economia e a atuação de setores reacionários incrustados no Estado, azeitando as engrenagens de proteção e impunidade, mostram o poderio e os interesses que movem essa atividade criminosa. Certamente não será encontrado um único parlamentar, nem mesmo a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), que defenda abertamente o trabalho escravo – o crime é previsto no Código Penal, artigo 149.

No entanto, o que justifica que até hoje não foi aprovada no Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo? Essa emenda constitucional determina a expropriação, sem nenhuma indenização, das propriedades onde houver a prática de trabalho escravo e as terras serão destinadas à reforma agrária. A proposta já passou pelo Senado Federal em 2003, foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Mas, é preciso ser feita uma nova votação, em segundo turno, na Câmara. Contudo, desde agosto de 2004 a proposta não é votada por resistência da banca ruralista.

A sociedade civil está mobilizada, recolhendo assinaturas para romper com a resistência dos setores reacionários do Congresso Nacional e exigir a aprovação da PEC 438/2001. É uma medida imprescindível para a erradicação do trabalho escravo em nosso país. Mas que necessita somar-se com a mudança radical no atual modelo agrícola baseado no agronegócio e na realização de uma profunda reforma agrária em nosso país.



POR MARIPOSA LOUCA - O QUE PENSAR DISSO?

Eu não fazia ideia que havia uma PEC que propusesse a punição dos proprietários de terras que se apoiam no trabalho escravo. Que ela seja "engavetada" neste momento político do Brasil é bastante emblemático e ironicamente (tristemente) coerente, afinal estamos desde a virada do ano discutindo o Programa Nacional de Direitos Humanos que passou por inúmeras modificações e que não serve para dar nem um peteleco na orelha de cada milico que participou da ditadura civil-militar brasileira.

Dizem até que o capítulo polêmico "Eixo orientador 6: direito à memória e à verdade" vai passar a se chamar "Eixo orientador 6: seja um milico bonzinho, não faz mais assim senão eu não brinco, ai, ai, ai, hein!".

Brincadeiras a parte, em um país onde o direito a liberdade e ao trabalho digno não são respeitados, não é de se surpreender que se amenize o texto e a proposta de um Programa que estava mais do que na hora de acontecer para que fosse o princípio de uma justiça que embora tardia, era necessária.

Após ler a notícia acima entrei no site http://www.antislavery.org, mencionado, para tentar compreender o que realmente é esta organização Antislavery, como boa latina desconfiada dos gringos. Tudo para ver se ela não é uma balela qualquer de país desenvolvido querendo auxílio financeiro governamental ou de algum milionário querendo amenizar suas angústias e culpas pela exploração alheia.

Observei que eles possuem muitos dados, discussões sobre o trabalho escravo na Metade Sul do mundo, o que pode ser observado, principalmente, através do mapa http://www.antislavery.org/includes/documents/cm_docs/2009/p/1_products_of_slavery.pdf
entretanto, não há só uma discussão sobre a relação dos produtos produzidos sob o regime da escravidão na Metade sul e os países que se utilizam deste trabalho na Metade Norte do mundo, o cerne para se discutir exploração e o uso desse meio de trabalho - o trabalho escravo.

A poucos dias eu ainda havia lido no jornal Zero Hora, uma reportagem bem alegre e elogiosa a uma atriz do filme Harry Potter que lançou uma grife ecológica (sim, por que agora materiais alternativos estão na moda) sob todo um discurso de respeito a natureza. Natureza de quem? Com certeza não a natureza meio ambiente, nem a de Marx. Em resumo, fecho esse pensamento dizendo que a mão de obra era indiana. Preciso falar mais?

Pensar explorados, ao mesmo tempo, sem pensar exploradores é como se houvesse uma cisão no caminho entre aquilo que é produzido e o mercado que acolhe este produto da exploração. Conveniente ou conivente?

"O escravo é, ele próprio, uma mercadoria de propriedade privada, a quem é perpetuamente negada a pose dos meios de produção, o controle sobre seu trabalho ou sobre os produtos desse trabalho e de sua própria reprodução." (FINLEY, Moses, 2001, p.132) Sendo assim, pensamos a mercadoria-produto, mercadoria-trabalho, mas também a mercadoria-humano que é um dos pontos principais quando falamos de escravidão. Direitos humanos e importância de erradicação dessa condição de trabalho, sem perder de vista que tudo isto está diretamente ligado ao sistema político econômico capitalista.
Mas em um país que não tem condições nem de responder dignamente pela letra da lei, é exigir demais que responda pelos crimes que vem sendo cometidos contra o trabalhador.

Dissertação

Para ter acesso aos escritos de pesquisa de dissertação de mestrado "Um estudo comparativo das trajetórias de afirmação do direito e de universalização da educação obrigatória no Brasil e Uruguai", de Fabiana Soares Mathias, acesse:

http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/16181

Resumo do estudo:
O presente trabalho compara elementos, diferenças e semelhanças, na história da educação obrigatória brasileira e uruguaia, ao longo dos séculos XX a XXI, considerando estes dois países como territórios pertencentes ao espaço político e econômico mundial, analisando-os comparativamente e baseando o estudo no materialismo histórico. O objetivo principal é compreender, comparativamente, as trajetórias de afirmação do direito e de universalização da educação obrigatória, no decorrer do período mencionado, relacionando esse panorama com a assunção dos direitos e da cidadania, com o movimento da democracia e os modelos de Estado. Para tratar da afirmação do direito, foram levantados e interpretados os documentos legais mais importantes que tratam da educação obrigatória nos dois países. No que diz respeito à base empírica para a discussão da universalização, foram sistematizados dados de escolarização. Esse estudo tem como uma de suas bases a compreensão de que o direito à educação, como um dos direitos sociais que estruturam a cidadania (princípio comum ao texto constitucional de ambos os países), é um preceito que depende da dinâmica do Estado, da sociedade, da organização política e economia, e por isso, reflete também as mudanças destes. Nesse panorama, destacam-se elementos como: a "alternância" entre democracia representativa, democracia restrita, ditadura, organização poliárquica, presentes em ambas as histórias; o pioneirismo na formação de instrumentos legais que garantissem a educação gratuita e obrigatória; os avanços e os atrasos nos processos de universalização obrigatória, nos dois países; o atrelamento de algumas propostas normativas em educação a movimentos políticos e históricos e a interesses de segmentos da sociedade. Esses são alguns dos aspectos comuns e particulares que formam as fronteiras de inter-relações produzidas na comparação das trajetórias da educação obrigatória do Brasil e do Uruguai.