domingo, 14 de fevereiro de 2010

ESFINGE


Aprendo em silêncio cada palavra
de tua tépida boca
Roubo teus pensamentos
tal criança vendada
os troco pelos meus e
errada ou certa
acabo por afundar no escuro
Beijo teu ventre,
sugo teus anseios,
sorvo cada pedaço de tua língua quente
Fecho os olhos pra não ver
tua surpresa, teu horror
finjo que tudo lá fora é mais lento,
não há relógios nem tempo,
nada vai importar de verdade
Sigo vivendo por segundos
deslinzando em teus braços
deslizando pelo mundo
Teu hálito quente,
teu corpo no vazio,
tua boca molhada um arrepio
tudo apenas parte
Aceito os delírios que aquecem mais meu coração
que meu corpo arqueado
Recebo sem medo tua mágoa,
tua trégua e meus deslizes
Aprendo sem criar feridas ou escudos
em palavras de escárneo
Te quero, te aceito, te temo
Passo a passo vou seguindo
meu tato truculento, meu faro voraz,
meu torpor arredio
Desejo te desejar:
amiga, amante, névoa, onda,
nada ou alguma coisa
Teu talento para o infinito
teu sonho de tocar o nada:
viver em dois segundos,
amar horizontes e perder o firmamento
pensar o amanhã e jogar-se no vento
esquecer o que já houve
fortalecer o sorriso e duvidar do medo
guardando lá dentro todo segredo
toda a vida
Passo a passo vou vivendo em silêncio
imersa em cada palavra
trancando cada porta
logo atrás de mim

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