domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Estado em V de Vingança



Uma vez, em minha inocência, acreditei quando diziam que "onde não há Estado há o caos". A palavra caos é associada a muitas coisas, geralmente a falta de controle, ao irregular, disforme, a falta de organização, entretanto, não há organização que nos submeta a maior coerção do que o Estado sob a qual estamos regidos, o Estado capitalista.

O filme V de Vingança foi vendido como mais uma adaptação de quadrinho, mas ele está longe de ser uma versão açucarada da realidade com grandes explosões e efeitos especiais. "V" é um filme que recria uma realidade política a partir de similaridades com a "nossa" história e assim demonstra como nos submetemos a letargia da representação política, como aceitamos os aparelhos repressores como forma de mentir para nós mesmos que estamos assegurando nossas vidas e nossos direitos, calamos diante da supressão da liberdade dos "outros", aceitamos viver com medo de perder nossos lugares ao sol nesta sociedade decadente, achamos que nossa existência está cheia de bondade quando toleramos religiões, sexualidades, raçãs, como se fosse nosso direito permitir ou não que o outro seja quem é; tudo isso e muito mais a serviço da lógica capitalista que suavemente rege nossas vidas organizando o Estado, nossos cotidianos, nossa noção de tempo, de relações humanas (sexuais, familiares, amorosas, de gênero,...), de trabalho e muito mais. O Estado em V de Vingança nos faz pensar que se esta forma de reger a sociedade não nos leva a uma história para todos, e portanto, qual organização política, social, econômica poderia nos levar?

Mas isso é para dissertar nos próximos textos...

Eu lhes deixo abaixo com uma fala do filme e com a certeza de que o que vivemos no mundo todo, é uma realidade cada vez mais decadente e miserável. Também com a certeza de que o que cada pessoa tem vivido em sua insustentável agonia de não ser tudo o que deseja realmente, quer dizer que nem capitalismo, nem as formas de amor, os modelos de trabalho, de família, de sustento, de Estado, vem amparando a necessidade de cada indivíduo mulher/homem em sua plenitude, sua liberdade para ser indivíduo e ser coletivo, nem a condição de sustento político e econômico com dignidade.

"Estás temeroso de ser o mesmo em teu próprio ato e valor de que em teu desejo? Não terás o que mais estimas , o ornamento da vida , e viverás um covarde em tua própria estima, deixando "Eu não posso" ultrapassar "eu farei", como o pobre gato no adágio?"

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